A carta de Colossenses foi escrita cerca de 62 d.C, tendo como autor o
Apóstolo Paulo, e tema central “a supremacia de Cristo”. Paulo não foi o fundador desta
igreja, e não teve a oportunidade de visitá-la. O Apóstolo ouviu falar da fé daqueles
crentes (Cl 1.4,9), mas não chegou a encontrar pessoalmente com os irmãos colossenses
(Cl 2.1). Tudo indica que Epafras foi o fundador dessa igreja, e que foi para ela um “fiel
ministro de Cristo”. (Cl 1.7).
Paulo, preso em Roma, recebe a visita de Epafras, que traz notícias de que
novas doutrinas estavam entrando na igreja de Colossos, e que estavam causando
transtornos ao bom andamento da obra naquela cidade.
A ameaça herética a igreja de Colossos era uma mistura de filosofias orientais
e de legalismo judaico com elementos de uma crença que os estudiosos da Bíblia
chamam de gnosticismo, que vem de um termo grego que significa “saber”.
A heresia presente na igreja de Colossos, que podemos considerar um misto
de erros doutrinários, ensinava que o espírito é bom e estava aprisionado no corpo, e tudo
o que se fazia no corpo não tinha problemas, o que era uma licença para todo tipo de
pecado e uma anulação da necessidade de santificação.
Outra grave ameaça que estava presente naquela igreja é que como
ensinavam que o corpo era essencialmente mal, era inconcebível que Cristo, a Divindade,
habitasse no corpo, e assim negavam a encarnação de Jesus. Para eles, a ideia de Deus
“tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” (Fp 2.6,7) não se
encaixava na ciência defendida por seus ensinamentos.
Negando toda a divindade e obediência a Cristo, os falsos mestres
incentivavam os crentes a uma busca por sabedoria e conhecimento, que era a única
forma de libertar o espírito do corpo, e alcançar níveis espirituais privilegiados. Com
“sutilezas e vãs sabedorias” (Cl 2.8), com pretextos de revelações extraordinárias e “culto
dos anjos” (Cl 2.18), que alguns dizem significar “adorar no mesmo nível dos anjos” além
de adorar a anjos, esses mestres da mentira diziam ocupar lugares privilegiados
alcançados por poucos, subjugando e limitando a experiência cristã dos crentes de
Colossos.
É nesse sentido, que Paulo já no início da carta, no capítulo 1, adverte aos
crentes que orava para eles fossem “cheios do conhecimento da sua vontade (de Cristo),
em toda sabedoria e inteligência espiritual” (Cl 1.9). É Nele, em Cristo, que podemos
“conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério” (Cl 1.27), e este conhecimento
não está restrito a um grupo seleto de homens, mas “a todo homem em toda a sabedoria;
para que apresentemos todo homem perfeito em Jesus Cristo” (Cl 1.28). Isso era uma
loucura que confundia os sábios: Cristo, Deus, não somente “se tornou homem”, e “foi do
agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse” (Cl 1.19), como também o Seu Poder
era suficiente para santificar todo aquele que se chegasse a Ele, aqui no tempo presente,
e perfeitamente, em um tempo futuro na eternidade, em Sua vinda.
Outrossim, Paulo defende também, já de início, a Divindade de Cristo,
mostrando aos falsos mestres de Colossos que Cristo “é a imagem do Deus invisível, o
primogênito de toda criação” (Cl 1.15). Ele não é um ser criado, mas conforme diz a Bíblia
de Estudos Pentecostal, “ele é o primeiro quanto a posição, herdeiro ou preeminente”.
“Ele estava no princípio com Deus, todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada
do que foi feito se fez” (Jo 1. 2,3). Paulo acrescenta a “todas as coisas”, que Jesus criou
as “coisas visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados,
sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele.” (Cl 1.16). Negar a Divindade de
Cristo era apagar a história do cristianismo. Paulo combate veemente essa heresia, e
defende a Divindade e Poderio de Jesus, mas aqueles falsos mestres ainda tinham outras
armas contra a boa doutrina.
Outra “estranha heresia” presente na igreja de Colossos era que eles estavam
subjugados a um conjunto de normas e regras advindas do judaísmo (Cl 2.20-23), e
firmavam nisso a sua fé e esperança de salvação, mas Paulo os adverte que aquelas
práticas “têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria [...] mas não são de valor
algum, senão para satisfação da carne.” (Cl 2.23). Paulo contrapõe os colossenses
mostrando-lhes que de nada adianta ser detentor de um arcabouço humano de regras,
vivendo uma vida de aparências, e que aquele que já ressuscitou com Cristo busca as
coisas que são de cima (Cl 3.1), mortificando de fato os membros que estão sobre a terra
(Cl 3.5), “a prostituição, a impureza, o apetite desordenado, a vil concupiscência e a
avareza, que é a idolatria” (Cl 3.5). Os colossenses precisariam entender que não dá para
ser Cristão e viver uma vida de promiscuidade na carne, no pecado, e por mais que
aquela filosofia ensinasse a impossibilidade de uma verdadeira santificação, isso era sim
possível em Cristo.
Concluindo, por mais que o assunto seja vasto, percebe-se que as mesmas
ameaças estão presentes hoje na igreja de Cristo. A busca pela sabedoria humana e da
razão em detrimento do sobrenatural; a abertura ao progressismo teológico e a teologia
liberal em detrimento dos milagres; a aceitação e normatização de práticas contrárias à
Palavra de Deus como forma de inclusão, focando o que é terreno, carnal, em detrimento
de uma vida de santificação e separação para Deus; a relativização de verdade absolutas,
em nome do politicamente correto. Como Paulo, precisamos combater essas heresias
com o ensino genuíno da Palavra de Deus, colocando para fora toda falsa sabedoria e
modismos que ameaçam a igreja, para que “a palavra de Cristo habite” de forma
abundante a vida dos crentes de hoje. (Cl 3.16).
Em Cristo,
Pr Samuel Eudóxio
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